quinta-feira, 30 de setembro de 2010

PEQUENOS PRESIDENCIÁVEIS E UM GRANDE E QUASE IMPOSSÍVEL SONHO

Candidatos de pequenos partidos lutam contra falta de dinheiro, tempo na TV e anonimato.


* Por Thiago Pinheiro

Milhões de reais. Centenas de pessoas na equipe de campanha. Dezenas de repórteres cobrindo o dia a dia. Muitos minutos na propaganda eleitoral. Essa é a realidade para Dilma, Serra e, em menor escala, Marina. Mas, para os demais candidatos à Presidência do Brasil nesta eleição de 2010, a história é bem diferente.

Ao todo, são nove candidatos que concorrem ao cargo do atual presidente Luís Inácio Lula da Silva. Quatro deles já disputaram a Presidência ao menos uma vez. Em 1998, o Democrata Cristão, Eymael (PSDC) obteve 0,25% dos votos. Na eleição seguinte, em 2002, José Serra (PSDB), conseguiu 23,19% dos votos e foi para o segundo turno, sendo derrotado pelo atual presidente Lula. 2002 também foi a primeira eleição de Zé Maria (PSTU) e Rui Costa (PCO), que conseguiram 0,47% e 0,04% dos votos, respectivamente. Em 2006, dos atuais presidenciáveis, apenas Eymael concorreu e teve 0,07% dos votos.

A eleição de 2010 marca, também, o maior número de candidatos à Presidência desde os 14 candidatos em 1989. A partir de 1994, as eleições sempre tiveram poucos concorrentes. Foram sete em 2006, seis em 2002 e oito em 1994. Uma das explicações para o crescimento dos postulantes é o fim da verticalização, como explica o cientista político David Fleischer, professor da Universidade de Brasília (UNB): - Em 2002 e 2006, não valia a pena lançar candidatura própria. Hoje, isso voltou a ser um bom negócio”. Nas últimas eleições, por causa da verticalização, que obrigava os partidos a reproduzirem as alianças feitas para presidente em todos os estados, os partidos preferiam deixar de concorrer para terem liberdade de composição nas eleições para governador.

Mas registrar-se no TSE e ter o nome na urna no dia 3 de outubro não é tudo. Para conquistar os votos dos cerca de 136 milhões de eleitores registrados hoje no Brasil, será necessário muito trabalho, equipe e, sobretudo, dinheiro. Para não falar em propostas. Como falta dinheiro e convites para participar de debates, os candidatos dos partidos nanicos focam na internet, considerada por Levy Fidelix (PRTB) "um forte aliado para divulgar suas propostas de governo".

E Levy Fidelix não está sozinho na escolha das "alianças". Se há uma bandeira comum entre todos os candidatos de partidos menores, essa é a falta de espaço para mostrar suas ideias. A reclamação não é limitada ao horário eleitoral gratuito onde cada um deles possui cerca de um minuto, mas, também, para as ausências de convites para os debates e para a falta de cobertura da imprensa. Com isso, os sites, Twitter e os vídeos no Youtube contribuem para divulgar as propostas dos presidenciáveis.

Mesmo com a internet sendo aberta para todos, nenhum dos candidatos soube aproveitar tanto os recursos da rede como Plínio Sampaio (PSOL), curiosamente o mais velho do grupo, com 80 anos. Graças à oportunidade de participar do debate promovido pela Rede Bandeirantes no final de agosto, Plínio mostrou um senso de humor que despertou a atenção dos jovens, tão distantes da política. Com isso, Plínio tornou-se um sucesso nas redes sociais e garantiu a participação em outros debates.

Rui Pimenta, Ivan Pinheiro, Zé Maria, Plínio Salgado, Eymael e Levy Fidelix sabem que as chances de sucesso são reduzidas. Os seus partidos não conseguem fazer campanha por todos os estados, muitas vezes restringindo a ação às capitais. Porém, eles não lançam candidatura apenas para ganhar. De acordo com Rogério Schmitt, consultor político e colunista do site "Congresso em Foco", "esses partidos [nanicos] disputam eleições apenas para divulgar as suas posições doutrinárias entre o maior número possível de pessoas. Seus candidatos jamais chegam a ter a ilusão de possuir chances razoáveis de serem eleitos para qualquer cargo que seja". A eleição também é uma maneira de crescer o partido e, talvez, disputar a eleição seguinte em melhores condições.

Previsões de gastos de campanha (FONTE TSE):

Serra (PSDB) – R$ 180 milhões

Dilma (PT) – R$ 157 milhões

Marina (PV)- R$ 90 milhões

Eymael (PSDC) –R$ 25 milhões

Levy Fidelix (PRTB) – R$ 10 milhões

Plínio Salgado (PSOL) – R$ 900 mil

Zé Maria (PSTU) – R$ 300 mil

Ivan Pinheiro (PCB) –R$ 200 mil

Rui Pimenta (PCO) – R$ 100 mil

Tempo de TV:

Serra (PSDB) – 7min.18s.

Dilma (PT) – 10min.38s.

Marina (PV)- 1min.23s.

Plínio Salgado (PSOL) – 1min.1s.

Eymael (PSDC) – 55s.

Levy Fidelix (PRTB) – 55s.

Zé Maria (PSTU) – 55s.

Ivan Pinheiro (PCB) – 55s.

Rui Pimenta (PCO) – 55s.

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